domingo, 25 de janeiro de 2009

Pg - 03 - ETC & TAL

3. 1 - VISITA INESPERADA

Cumpade: o que aconteceu?
Você nas bandas de cá;
Pois é cumpade eu vim aqui
Só pra gente palestá

Eu vim vê comé qui tá
A cumade e você
Tá com uns monte de dia
Qui a gente não se vê

Como é que vai a Cirlê?
Que é minha afiada;
Já tá aprendendo a lê
Tá sabida e danada

Ela vai com as moçada
Todo dia pra escola
Depois de inaugurada; cumpade
Foi prá gente uma miora

Cumpade; e aurora
A irmã de vós me sê
Casou; já tem um fio
Já tem outro pra nascê

Para a muié foi dizê
Faça logo o café
Bote água prá fervê
Pra mim e cumpade Zé

E depois que tu fizé
Bote mais água no arroz
Quando o feijão cunzinhá
Você faz baião de dois

Ela pegou o arroz
Depois pegou o feijão
Pegou caldo e farinha
Fez pra eles um pirão

Levou essa refeição
Colocou então na mesa
O cumpade foi dizendo
O pirão tá uma beleza

Sua cumade Tereza
Foi então lhe respondê
Cumpade esse pirão
Custumo sempre fazê

Começou escurecê
Ao cumpade ele falou
Já tá querendo chuvê
Té outro dia; eu já vou

Seu cumpade disse: não síô
Já começou a chuvê
Tereza vai ajeitá
Uma dormida pra você

Ficou ela sem sabê
A durmida ajeitá
Pois só tem a nossa cama
Como é qui vou me virá?

Ao marido foi falá
Pois estava com receio
Eu durmo aqui na ponta
E você dorme no meio

Ele disse: qui receio
No mei quem dorme é você
Somente por uma noite
Nada vai acontecê

Ao marido foi dizê
Quando o dia clariou
Tu dormiu; não pôde vê
Teu cumpade me errabou

Pra sua muié falou
Desconfiei do teu receio
E tu ainda queria
Qui eu fosse durmir no meio

( Geraldo Filho – Talzim – Ponta da Serra, 03 .11.2003 – Tel.: 3523.9208)


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